terça-feira, 1 de julho de 2014

Bento: «Posso não ter sido devidamente compreendido»

A "digestão" incompleta da derrota com a Alemanha foi, para Paulo Bento, o principal problema de Portugal no Mundial do Brasil. Segundo o técnico afirmou em entrevista à TVI24, "talvez o seu discurso não tenha chegado bem aos jogadores", após essa derrota inaugural.

"Faltou a todos perceber por que razão perdemos por 4-0, entendermos por que razão fomos derrotados pela Alemanha. Tratou-se de um resultado que teve consequências para o jogo com os Estados Unidos e que nos pôs numa posição complicada com o Gana", explicou.

"Aquele que tinha de tentar curar a derrota era eu. Possivelmente não o fiz da melhor maneira, não cheguei aos jogadores da melhor maneira. Posso até não ter sido compreendido da melhor maneira. Mas, por outro lado, continuo a afirmar que o jogo com a Alemanha teve condicionantes", acrescentou, refirando-se ao trabalho da equipa de arbitragem.

"O golo sofrido cedo influenciou, claro, mas não nos tirou do jogo, só interferiu. O 2-0, depois a expulsão do Pepe, ter de jogar 55 minutos com dez, foi demasiado pesado, ainda para mais com o adversário que tínhamos pela frente. O 3-0 perto do intervalo condicionou ainda mais... Mas houve a questão do primeiro golo, o facto de poder ter acontecido o 3-1...", lamentou-se.

Atente-se no que o selecionador afirmou sobre outros temas:

DESEMPENHO - "Não se trata de uma questão de individualizar. O responsável pelo que aconteceu no Mundial sou eu, já o disse. Poderemos é analisar os fatores. O desempenho não foi positivo, mas continuo a dizer que o jogo com a Alemanha deixou marcas demasiado forte. Não se trata de esperar mais de alguém. Trata-se, sim, de perceber que coletivamente não estivemos ao nível que poderímos e deveríamos ter estado. E por isso fomos penalizados. Conseguimos ter uma reação com os Estados Unidos e o Gana, mas acabámos por ter o que merecemos".

ESTADOS UNIDOS - " Foi um jogo equilibrado, mas houve factores, como o da Alemanha... O que digo é que a nossa exibição não me parece ter sido negativa. Se for avaliar o jogo, as equipas tiveram estratégias muito iguais defensivamente. Não creio que tenhamos tido um grande domínio, mas também a verdade é que não deixámos de ter jogo controlado. Com uma eficácia enorme poderíamos ter acabado a 1.ª parte com 2-0. E não me parece que na segunda os norte-americanos tivessem sido mais fortes. Não acho que, se tivesse de haver um vencedor, nao fosse Portugal. As oportunidades mais flagrantes foram nossas. Mas, por outro lado, não acho que fizemos um grande jogo".

"O segundo golo deles veio contra a corrente do jogo. Não me parecia que levasse justiça ao jogo. Após o 1-1 tivemos oportunidade para o 2-1, por isso digo que, sendo um jogo equilibrado, se houvesse um vencedor teríamos de ser nós. Não fizemos grande exibição, mas os Estados Unidos não foram melhores.

EXPRESSÃO APÓS O GOLO DE VARELA - "Sou um homem consciente. Quem me conhece sabe que não sou de euforias. Estava a ser consciente. Quando chegámos ao empate, isso não nos colocava em boa posição. Não estávamos fora, mas seguir em frente era uma possibilidade remota. Estava consciente de que tivemos uma boa reação, que tentámos alterar as coisas depois do 2-1. Passámos a jogar com três defesas, com o Bruno Alves lá na frente, para tentar a igualdade o mais rápido possível. Mesmo assim, não deixava de ter a consciência de que o golo nos mantinha na rota do apuramento, mesmo sabendo que tínhamos uma situação complicada".

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