quarta-feira, 18 de junho de 2014

Beto: «Dificuldades são iguais para todos»

Confrontado com a possibilidade de a preparação portuguesa não ter sido feita da melhor forma, nomeadamente em relação ao local de estágio e a adaptação ao clima, Beto deu um curioso exemplo do que se verifica em Espanha e admitiu que as condições são iguais para todos e que não servem de desculpa.

"Por que razão a Alemanha treinou à uma e nós não... Só pode treinar uma equipa de cada vez. E depois, por exemplo, o Real Madrid e Barcelona não vão uma semana antes quando jogam em Sevilha e lá há um clima diferente. Estamos a treinar com boas condições. As condições climatéricas são aquelas que o Brasil no proporciona. Só temos de trabalhar, treinar e jogar. O clima é igual para todos, as dificuldades são iguais para todos", começour por dizer, explicando o que é necessário fazer para as contornar.

"O que é mais difícil é manter a hidratação dos companheiros. Tentamos fazê-lo... Mas esse é o grande problema, porque aumenta o risco de lesão, que infelizmente aconteceu. Só temos de hidratar os nossos colegas para terem o corpo e hidratado. É difícil, claro, pois a intensidade é grande e depois fomos sempre atrás do prejuízo. Com a derrota aos ombros torna-se mais difícil. Mas a equipa tem experiência, está habituada a momento difíceis e agora toca-nos superar este", frisou.

Outros temas:

Dar alegria aos portugueses - "Sempre houve da nossa parte vontade de dignificar o escudo que levamos ao peito. A seleção gera emoções, sejam positivas e negativas. Entendo o sentimento das pessoas, que criam a expetativa e depois quando as coisas não sucedem ficam frustradas Tristes com a situação económica, mas não vejo como positivo descarregar a fúria nos jogadores. Sempre fizemos, fazemos e iremos fazer tudo para honrar o escudo que levamos ao peito. Carregamos a esperança de milhões de portugueses, para terem alegrias, agora numa altura complicada. Mas queremos dar essa alegria, por nós, pela nossa família e pelos portugueses. Queremos fazer tudo no que resta - que resta bastante -, dar tudo de nós até à última gota de suor"

As lesões e ausências - "Perder três ou quatro jogadores num jogo deixa sempre marcas em qualquer equipas, mas não é só na nossa. E das fraquezas fazemos forças. Toca a reunir... O Fábio não continua connosco, o Hugo Almeida e Rui Patrício ainda podem recuperar. Acredito muito na união deste grupo, no espírito que nos levou a conquistar coisas boas. Temos coração e uma alma muito grande. Acredito que agora, mais do que nunca, a equipa tem de estar unida."

"São perdas de jogadores, que tornam o grupo mais curto. Mas como já disse, das fraquezas se fazem forças. Temos de reunir o grupo, com tudo aquilo que somos. Somos menos, mas os que estão são fortes. Os que não jogam estarão a apoiar. É um grupo coeso, forte e unido e essa união virá ao de cima, para ajudar a ultrapassar a seleção contrária"

Pressão de nunca ter feito jogo oficial - "Obviamente que numa fase final se exerce uma carga emocional maior sobre os jogadores. Mas a experiência dá-te soluções, para que consigas gerir a carga emocional. Tanto eu como o Eduardo temos muitos anos de futebol, de Federação e Seleção. Por isso não creio que seja um problema no meu caso o facto de nunca ter jogado numa fase final. A carga emocional é maior, mas sei que consigo e gosto de jogar com pressão.

Sentimento de "vergonha" - "Envergonhar alguém é um termo demasiado forte. Simplesmente nem tudo o que fizemos saiu bem, mas tentámos que saísse. Ninguém nos pode apontar isso. Todos quiseram fazer tudo, umas vezes saiu, outras não, seja por falha nossa como por condicionalismos, pois houve quem não nos deixasse crescer e jogar. Obviamente que é uma derrota que deixa marcas. Temos de ter humildade para perceber que é uma derrota pesada. A equipa é a praticamente a mesma que ganhou à Suécia... Os jogadores são os mesmos. O termo vergonha está fora do contexto. Não foi a nossa melhor performance, não foi, mas quisemos fazer bem as coisas e por vários fatores não correram como queríamos. Agora temos dois jogos, 180 minutos, e dependemos apenas de nós, do nosso trabalho e daquilo que queremos fazer e que sempre quisemos"

"Não passar a fase de grupos é algo que nós não queremos. O objetivo sempre foi passar a fase de grupos e ainda dependemos apenas de nós. Temos dois jogos para tudo para ganhar, dois jogos para alcançar o objetivo que é passar à próxima fase"

"Já nos reunimos, já falámos, já analisámos o que aconteceu. Os detalhes resolveram e cometemos erros que não queremos cometer. Tudo aquilo que teria de acontecer de mal: a derrota, o penálti que só o árbitro viu, a expulsão que só o árbitro viu, as três lesões... Obviamente que não é desculpa, o árbitro não o é, mas influenciou o jogo e o resultado, assim como a manobra da equipa. Ficar sem o Pepe e com um penálti assim claro que influencia. Mas já tivemos a humildade de perceber o que não fizemos bem"

Melhor época da carreira? "Foi a melhor temporada a minha carreira, uma temporada muito positiva. Encontro-me bem, tanto a nível psicológico como físico. Estou no espírito da seleção, focado nela, em dar o meu contributo, seja de que forma for. Sinto-me perfeitamente bem"

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